A Seleção
A SELEÇÃO DO CÃO OZZY COMO PROTAGONISTA
Havia uma idealização por parte do Diretor Walter Salles, que o cachorrinho Pimpão fosse macho, tivesse carinha de coitado, fosse muito tranquilo e aparecesse bem sujo quando o encontrassem na praia.
Testamos alguns exemplares que tinhamos selecionado previamente e optamos pelo Ozzy por preencher as caracteristicas descritas pelo Diretor e por ser um cão de fácil aprendizado, excelente temperamento e muito afetivo e obediente.
Ozzy veio morar com a preparadora In-Coelum desde fevereiro, quando tinha apenas 4 meses. Todo o trabalho de condicionamento foi feito inicialmente em seu sitio e posteriormente durante os ensaios no set, para cada cena constante do roteiro.
É importante relatar aqui, que em todos os trabalhos de cinema, existem dublês no set para darem suporte ao titular e quem escolhe o protagonista de um filme entre vários exemplares selecionados, é o treinador com a aprovação do Diretor. E assim foi feito. Ozzy é o Protagonista de Ainda Estou Aqui.

O PRIMEIRO CONTATO
Em 2019 foi a primeira vez que ouvi falar da produção do filme. O produtor Marcelo Torres me procurou, na época iniciando a seleção de locações, carros de cena, para informar sobre o cachorro da familia Paiva.
Ele disse que o Diretor Walter Salles decidiu inserir um cão pra familia e queria um vira-lata em duas fases do filme, que marcasse a passagem de tempo de 4 meses. Precisava ser cães de idades diferentes.
Eu imediatamente informei que não poderia trabalhar com vira latas, porque além desse detalhe de idades diferentes, precisariamos de dublês.
Sugeri, inicialmente, a raça Podengo Portugues Pequeno de Pelo Liso (foto abaixo), raça que introduzi em 2011 no Brasil.


Os dublês estariam trabalhando nos ensaios, marcação de luz, adaptação ao elenco e também se precisasse uma substituição em casa de mal estar do titular. Os dubles são essenciais, tambem, para dar suporte ao titular nas marcações de cenas, até que o Diretor tenha afinado o elenco, camera, luz. Quando o cão faz repetições em excesso nos ensaios, ele acaba não fazendo uma cena natural. A repetição condiciona o cão a se "robotizar". Por esse motivo, os "standinhos" são fundamentais para dar suporte, para que o titular entre em cena apenas na hora de rodar. Claro, devem ser similares, pois em alguma situação, pode valer a cena de ensaios, onde os dublês estariam atuando.
O INICIO DO TRABALHO
Como era a única criadora de Podengos no Brasil, em janeiro de 2023 fui procurada por alguns treinadores para ceder meus cães para um longa. Isso me remeteu ao pedido lá atrás. Eu não fazia parte da seleção de treinadores para o filme, que havia sido entregue à Conspiração Filme para realizar o trabalho.
O Diretor Walter Salles é criador e cães da raça Dogue Alemão e trabalho com ele há mais de 20 anos cuidando do website e artes pro Canil Alto Gávea (www.canilaltogavea.com), também havia trabalhado em seu longa Linha de Passe, com o cão Dustin, da raça Pit Bull

O Walter me procurou pelo whatsapp perguntando se poderiamos conversar sobre o projeto. Ele queria meu suporte para o filme. Combinamos de nos encontrar na produtora para levar os podengos para que ele pudesse avalia-los presencialmente.
Conhecendo-o bem, acabei levando os podengos (Lili e Pingo), de idades diferentes, como ele queria, mas deixei no carro a outra opção que imaginei que ele gostaria. Ele adorou os Podengos, mas em dado momento informei a ele que havia trazido uma outra opção. Quando tirei do carro a Tasha e o Roy, ele se encantou. Eles estavam sem tosa, cabelo fiapo de manga, desgrenhado e totalmente fora do corte característico da raça. Foi assim que os cães da raça Jack Russell foram aprovados de imediato e viriam a se tornar o Pimpão. Nas fotos abaixo, a TASHA, a primeira Jack a passar por treinamento. Como ela é uma cadela de competição, precisou retornar para campanha e não pudemos te-la no cast.

O primeiro dia de adaptação com Roy e Kiss ao elenco, em fevereiro de 2023.


